O modelo de gestão filantrópico implantado pela Santa Casa de Misericórdia Marília acaba de conquistar reconhecimento nacional. A FBAH (Federação Brasileira de Administradores Hospitalares) anunciou que o provedor da instituição mariliense, Milton Tédde, foi indicado para receber o “Prêmio Administrador Emérito Hospital Filantrópico 2012”.

Nesta categoria, o título emérito já foi entregue a personalidades como Henrique Duarte Prata, do Hospital do Câncer de Barretos, e Antônio Carlos Forte, superintendente da Santa Casa da capital. A Federação também já premiou Giovani GuidoCerri, atual secretário de Saúde do Estado de São Paulo, na categoria hospital público. 

Há mais de dez anos, gestores que se destacam na saúde são homenageados pela FBAH. A entidade existe desde 1971 e contribuiu no processo de profissionalização da administração hospitalar. Na época, a principal conquista foi fazer com que o Conselho Federal de Educação e o Ministério da Educação criassem um  currículo mínimo, para o surgimento das faculdades que formam gestores específicos da saúde.

Milton Tédde, que assumiu a provedoria da Santa Casa de Marília em 2007, vai receber o título emérito. Como principal dirigente voluntário, ele contou com o apoio da irmandade para adotar um novo sistema, a fim de profissionalizar a gestão. Incorporou novos técnicos no quadro de funcionários, transformou despesas em investimentos, atraiu parceiros, ampliou a geração de recursos por meio dos convênios e particulares, sem deixar de atender a população que mais precisa, por meio do contrato com o SUS. 

Em 2011, a instituição fechou o ano com mais de 613 mil atendimentos, sendo mais de 72% pela rede pública de saúde. São consultas, cirurgias, exames, transplantes e outros procedimentos de alta complexidade, para uma região com 62 municípios e mais de 1 milhão de habitantes. 

Não é a primeira vez que a FBAH homenageia gestores da Santa Casa de Marília. Em 2010, a superintendente da instituição, Kátia Ferraz Santana, ganhou o "Prêmio Administração Hospitalar", após apresentar o melhor projeto de gestão em saúde do ano. O trabalho foi justamente o planejamento estratégico, que visou garantir a viabilidade econômica da Santa Casa de Marília. O estudo não ficou apenas no papel; foi aplicado e atingiu seu objetivo.Tédde e sua equipe assimilaram a lógica da administração filantrópica moderna, que alia beneficência com profissionalismo. 

É o mesmo processo pelo qual já passaram grandes hospitais filantrópicos, em algumas capitais. São unidades de saúde como a Santa Casa de São Paulo, que virou sinônimo de qualidade, tecnologia e profissionalismo, mantendo amplo atendimento ao paciente da rede pública.

A indicação ao “Prêmio Administrador Emérito”, com  relevância nacional, ocorre após o anúncio do título de cidadão mariliense. Apesar de morar em Marília há mais de 60 anos, o provedor da Santa Casa nasceu em Rincão (região de Araraquara). A proposta que “formaliza” a intimidade de Milton Tédde com a cidade é do vereador Wilson Damasceno e foi aprovada por unanimidade pelo legislativo. A entrega será em sessão solene, que ainda não teve data definida.  

Administrador nato - Milton Tédde iniciou a vida profissional muito cedo. Aos onze anos, começou a trabalhar como “mascate”. O espírito empreendedor fez com que, seis anos depois, assumisse sua própria alfaiataria, já em Marília.

Em alguns anos inaugurava sua primeira loja de tecidos. Vendedor nato, fez com que o estabelecimento prosperasse em pouco tempo. Na época em que a compra de tecidos era comum e a confecção de roupas  ocorria fora das fábricas, não demorou  para que a rede somasse quatro lojas de tecidos e confecções. Em 1975 conquistou o título de “Comerciante do Ano”, em uma eleição popular.

O empresário atuou por dez anos na diretoria da Acim (Associação Comercial e Industrial de Marília), também presidiu o Sindicato Patronal Rural de Marília e ainda participou da diretoria do MAC (Marília Atlético Clube). Como voluntário, atuou em várias entidades: foi  presidente do Lions Clube de Marília por dois mandatos, tesoureiro e presidente da Legião Mirim, entidade dedicada à formação profissional de jovens adolescentes.

Tédde iniciou sua atuação na área da saúde pelo conselho da fundação mantenedora da Famema (Faculdade de Medicina de Marília). Em 1982, ingressou na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Marília. Pouco tempo depois assumiu o cargo de segundo secretário e por doze anos foi o primeiro secretário da mesa administrativa. Em 2000 foi eleito vice-provedor e desde 2007 é o provedor da Santa Casa.

Além de 30 anos de dedicação ao maior hospital filantrópico da região de Marília, em 2011 Milton Tédde assumiu a diretoria administrativa e financeira da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo).

O prêmio "Administrador Emérito Hospital Filantrópico" será entregue no próximo dia 21, durante o XIII Jantar da FBAH, no Bairro da Liberdade, em São Paulo.