Hospital ganha 12 leitos, faz adequação no setor de esterilização de instrumentais cirúrgicos e adapta sistema de processamento de roupas
Referência em alta complexidade no SUS (Sistema Único de Saúde) para o interior paulista, a Santa Casa de Misericórdia de Marília avança em obras estratégicas para acompanhar a crescente demanda regional. Ainda este ano, entra em funcionamento a REC (Unidade de Recuperação Cardiológica) e a nova Central de Materiais. No início de 2014 o hospital deve entregar a nova lavanderia, construída com foco na sustentabilidade e alto desempenho.
O hospital deve fechar o ano perto da marca de 10 mil cirurgias anuais. Dados do relatório de atividades, documento público aprovado em assembleia da Irmandade, indicam que em 2012 foram feitos 9.068 procedimentos cirúrgicos. Em novembro desse ano, esse número já havia sido ultrapassado, com a realização de 9.100 operações. O aumento deve ficar acima dos 14%, registrados no ano anterior.
Para dar suporte a esse crescimento, obras estruturantes avançam. Um dos setores mais importantes é central de materiais, que faz a limpeza e esterilização de instrumentais cirúrgicos. De acordo com a coordenadora do setor, a enfermeira Raquel Cristina de Oliveira Magalhães, a média mensal é de 13.600 pacotes esterilizados por mês só para atender ao centro cirúrgico.
A nova central está instalada no terceiro pavimento da Santa Casa e conta com barreiras físicas, para evitar o chamado “cruzamento de fluxo” entre materiais contaminados e limpos. Com investimento de R$ 68 mil, o espaço de 198,69 m² foi totalmente recuperado e conta com novas instalações hidráulicas e elétricas, sistema moderno de climatização, novas pias, elevadores, mobiliários e equipamentos adequados.
“Trabalhamos 24 horas por dia, de forma ininterrupta, para garantir que não falte nada ao centro cirúrgico e nos outros setores. São 26 funcionários, que se revezam numa tarefa fundamental de higienização que requer técnica e conhecimento. As condições de trabalho irão melhorar muito e, consequentemente, a segurança dos procedimentos também irá aumentar”, acredita a enfermeira.
Na cardiologia, 2014 também irá começar com avanços. Os setores de Hemodinâmica e Cirurgia Cardíaca passarão a contar com a REC, uma estrutura de leitos e equipamentos que permite a observação e recuperação dos pacientes cardiopatas, para curta permanência no hospital.
O cirurgião cardíaco Rubens Tófano de Barros explica que esse tipo de ambiente é uma tendência nas instituições mais modernas e ajuda a desafogar as UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). “Na prática, vamos liberar 12 leitos na UTI geral, porque teremos o espaço adequado para aqueles pacientes que passaram por uma angioplastia, por exemplo, ou mesmo uma cirurgia”, afirma o médico.
Na REC a média de permanência não deve passar de três dias. A unidade é equipada com balão intratorácico, monitores de débito cardíaco contínuo, respiradores, marca-passo temporário, camas elétricas para pacientes com até 250 quilos e para obesos mórbidos, além de um sistema hidráulico que funciona como uma espécie de guindaste, para dar mais conforto e segurança para remoção de pacientes de baixa mobilidade.
Toda essa estrutura é necessária, de acordo com o médico, para atender com qualidade o aumento da demanda. “Há uns dois anos atrás, fazíamos uma média de 35 ou 40 cirurgias por mês. Este ano, devemos fechar com cerca de 50 procedimentos mensais. Saímos da média de 21 marca-passos implantados por mês para um por dia”, revela Tofano.
Na Hemodinâmica, setor responsável pelas intervenções não-invasivas (angioplastia, cateterismo, por exemplo), a realidade relatada pelo médico intervencionista Pedro Beraldo de Andrade e sua equipe não é diferente. Os leitos de recuperação cardíacos serão importantes para dar essa retaguarda ao trabalho dos médicos.
LAVANDERIA - A construção da nova CPR (Central de Processamento de Roupas), que teve as obras iniciadas em abril desse ano, está avançada. O espaço irá se adaptar integralmente à RDC-50, norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que disciplina o manejo de materiais, instrumentos e utensílios de uso hospitalar. O prédio está sendo construído em um antigo pátio, em área próxima ao muro limite com a igreja Maria Izabel.
A lavanderia contará com 198 m² de área construída. A arquiteta Gisele Furquim Mota, do setor de infraestrutura do hospital, conta que o projeto em execução leva em conta a economia de recursos naturais. “Não haverá ar condicionado e ventiladores. A iluminação natural terá excelente aproveitamento, a partir de técnicas modernas de construção. Foi um dos pedidos que a diretoria nos fez e norteou o projeto”, afirma.
O encarregado da lavanderia, Alex Torres, explica que existe um processo técnico para evitar o chamado “fluxo cruzado” entre roupas limpas e sujas. “Com essa obra, os ambientes serão totalmente separados e até o contato dos trabalhadores será limitado, durante o manejo das roupas”, conta.
Em 2011, a lavanderia da Santa Casa processou (lavagem, secagem e passagem) 55 toneladas de roupas por mês. No ano passado essa média subiu para 60 mil quilos e este ano deve superar essa marca. “É um trabalho que não para. Todo momento está chegando as peças que são usadas pelos pacientes internados, pelos profissionais de centro cirúrgico e áreas controladas e roupas de cama”, afirma Torres.
Para o provedor da Santa Casa, Milton Tédde, é importante que a sociedade tenha conhecimento do que acontece no hospital. O gestor prioriza a transparência e lembra que no caso da saúde não é diferente das demais demandas da sociedade. “Vemos a expansão da cidade, o crescimento das empresas (geradoras de empregos) e o aumento do número de moradores. Tem ainda o envelhecimento da população. Não podemos ficar parados no tempo. A Santa Casa está crescendo e isso é irreversível”, afirma o provedor.
“Tive medo do SUS, mas quando cheguei aqui fiquei surpresa”
Há dois anos a estudante Marli Pedrosa e o marido, o frentista Emerson Mendes de Lima, fixaram residência em Marília. A descoberta de um câncer de colo de útero transformou a vida do casal. “Sabia que ia ter que encarar o SUS (Sistema Único de Saúde) e tive medo. Quando entrei na Santa Casa e comecei o tratamento, fiquei surpresa”, conta a jovem.
Marli passou por cirurgia, precisou de hospitalização e agora encara sessões de quimioterapia, na luta contra uma das doenças que mais têm aumentado e preocupado as autoridades em saúde. Entre uma passagem e outra no hospital, ela soma mais que angústias e expectativas; faz amizades. “Esses meninos (equipe de enfermagem) são demais. Todo dia vem com uma brincadeira nova, uma sacada criativa que ajuda a distrair e faz a gente esquecer, por um momento, as dificuldades. É tanto carinho que emociona”, afirma a estudante.
Na cadeira ao lado, no mesmo setor de atendimento e com os mesmos recursos disponíveis está o casal Guilherme Barrionuvo Gonçalves (comerciante) e Vanessa Helena de Almeida Gonçalves (funcionária pública). Em setembro ele descobriu um câncer de testículos e precisou passar por cirurgia. Agora é desafiado pela quimioterapia e seus efeitos colaterais. “Confiamos que vamos superar essa fase. Sobre o atendimento, só tenho a dizer que essa equipe é nota dez. Torna essa batalha menos difícil”, afirma o comerciante.
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