Pesquisa desenvolvida na Santa Casa de Misericórdia de Marília, para reabilitação de pacientes que sofreram AVE-i (Acidente Vascular Encefálico Isquêmico), foi apresentada com destaque durante a XIX Jornada Fonoaudiológica da USP (Universidade de São Paulo). O evento foi realizado em Bauru, ente os dias 15 e 18 de agosto, com a participação de estudantes e profissionais de fonoaudiologia e de áreas relacionadas à saúde.
As fonoaudiólogas da Santa Casa, Aline Rodrigues Pinto e Luciana Leite Cláudia Flosi dos Santos, apresentaram um estudo de caso sobre o “Controle da Evolução da Disfagia Orofaríngea no Acidente Vascular Encefálico, em Âmbito Hospitalar”. A pesquisa foi orientada pela doutora em fonoaudiologia Roberta Gonçalves da Silva, da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
As profissionais explicam que o estudo comprovou a importância da intervenção multidisciplinar, incluindo a fonoaudiologia, para evitar complicações em pacientes com AVE-i. A pesquisa analisou a evolução de um caso concreto, em uma paciente de 72 anos, que passou por atendimento na Santa Casa e obteve excelente resultado, apesar de um acidente vascular isquêmico com grande extensão.
A disfagia (dificuldade para deglutição) é muito comum nestes casos. A doença tem grande incidência e, consequentemente, exige preparo dos profissionais para que os riscos de complicações sejam minimizados. Atos corriqueiros do cotidiano, como tomar água e se alimentar, podem levar o paciente a diversas complicações, incluindo a Broncopneumonia Aspirativa, uma grande causadora de morte nestes pacientes.
“Quando se libera a dieta via oral para um paciente com disfagia podemos potencializar o risco de uma pneumonia aspirativa”, explica Aline. “Esse tipo de complicação pode provocar a morte”, completa Luciana.
O estudo desta área de conhecimento é relativamente recente. As fonoaudiólogas lembram que, no passado, a rápida liberação da dieta por via oral era estimulada, sem respeitar a capacidade do paciente para deglutir. A relação entre as complicações e a falta de atenção, ao processo de reabilitação da disfagia orofaríngea, demandou muito estudo e esforço dos fonoaudiólogos.
“Felizmente, aos poucos essa realidade está mudando. Aqui na Santa Casa, por exemplo, todos os profissionais que atuam na assistência estão preparados para detectar a disfagia e acionar o serviço de fonoaudiologia. Nosso trabalho é orientar os colegas da equipe, realizar exercícios e propor um sistema de atendimento individualizado”, afirma Aline.
A preocupação com o processo de reabilitação orofaríngea, após AVE, também já pode ser observada entre os familiares de pacientes. A fonoaudióloga relata que a equipe foi procurada por pessoas interessados em entender o processo de reabilitação, para prosseguir uma rotina de cuidados após a alta médica.
O serviço de fonoaudiologia da Santa Casa de Marília foi implantado há cerca de três anos, pela fonoaudióloga Luciana. Há um ano e três meses, Aline foi integrada, para ampliação do período de atendimento. Em pouco tempo, as profissionais conseguiram não apenas se integrar às equipes, mas propor novas interações, que melhoraram a qualidade da assistência médica. “No país, como um todo, a fonoaudiologia ainda é uma ciência relativamente recente. Por isso as pesquisas são fundamentais. Conseguimos demostrar por meio de estudos que a intervenção adequada promove melhores resultados”, defende a fono.
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