Manuscritos recuperados em cadernos, mensagens de texto no celular e anotações sobre a difícil luta de um jovem, contra o câncer, estão registradas em um livreto editado pela própria mãe. O objetivo da dona-de-casa Leonor Alves da Silva, de 42 anos, é levar esperança para outras famílias que enfrentam a doença. 

A publicação pode ser encontrada na sala de espera da oncologia da Santa Casa de Marília, unidade de saúde onde Gustavo da Silva Oliveira, 14 anos, travou sua batalha pessoal. Entre 2009 e 2011, ele contou com o atendimento especializado do hospital, onde passou por quimioterapia e cirurgia.

A família de Bastos (100 km de Marília) busca na fé cristã as respostas para a perda. Leonor conta que o filho sofreu uma convulsão repentina, pouco antes de completar 12 anos. Foi o início da luta de dois anos, que culminou com o que ela chama de “passagem”.

Durante a internação, Gustavo escreveu vários textos nos cadernos escolares. São versos, pensamentos, poesias e transcrições de textos bíblicos. Em um dos trechos, o estudante escreve e repete 31 vezes a frase: “Não desistirei da luta” e encerra com a afirmação: “Sou um vencedor”!

Leonor conta que encontrou o material depois que o adolescente “já havia partido”. Segundo ela, Gustavo deu muitas demonstrações de força e ajudou a família a suportar os momentos mais difíceis. “Às vésperas da cirurgia ele me chamou e disse: mãe eu queria pedir um favor: eu queria que filmassem a cirurgia com meu celular. Se estivesse desesperado não teria feito um pedido desses. Aquilo me acalmou muito! Meu filho entrou no centro cirúrgico tranqüilo e sorrindo. Ele dizia que estava sempre ótimo”, conta a mãe.

A descrição de uma chamada do celular, que tocou no momento em que Gustavo faleceu, inspirou o título do livro: “Não há hora da chamada”. Inicialmente foram impressos 250 livretos, mais tarde três mil, já com um texto de introdução escrito por Leonor. “A mensagem que eu passo é ‘confiança em Deus’. Que mães como eu, que passaram ou estão passando pela mesma experiência, possam ser alcançadas".

Em julho do ano passado, a família de Bastos compartilhou uma boa notícia com a equipe da oncologia da Santa Casa. A chegada de um filho adotivo deu a Leonor nova experiência na maternidade. “Tive dúvidas se devia ou não reviver essa história, publicando os textos, fazendo o livro, mas tomei a melhor decisão. Meu filho deixou uma mensagem de força; quem o levou foi Deus, não a doença”, acredita.

Interessados em contribuir para ampliar a publicação, solicitar exemplares ou obter mais informações podem entrar em contato pelo telefone 9605-9662, com Leonor.