Uma passeata nesta sexta-feira, 27, vai marcar em Marília o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos. O ato faz parte da campanha permanente integrada, desenvolvida pela Santa Casa de Marília e pelo Spot (Serviço de Captação de Órgãos e Tecidos), da Famema (Faculdade de Medicina de Marília).  A saída será às 9h, na avenida Vicente Ferreira, em frente à Santa Casa e a chegada no HC (Hospital das Clínicas), em frente a portaria. 

A ação conta com apoio das secretarias municipais de Saúde e Educação, além da Emdurb (Empresa de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) de Marília e Polícia Militar, que vão atuar para garantir a segurança dos pedestres. 

Profissionais de saúde, estudantes das ciências da saúde, alunos do ensino regular, integrantes de clubes de serviços, grupos de terceira idade, associações e entidades beneficentes e organizações da sociedade civil são aguardadas. A caminhada será animada com um caminhão de som, graças ao apoio da iniciativa privada e os voluntários do grupo musical “Amigos da Santa Casa”. 

O objetivo, de acordo com Deborah Milani, assistente administrativo do hospital filantrópico e integrante da organização, é quebrar o silêncio. “Infelizmente milhares de pessoas estão nas filas e muitas morrem à espera de um transplante. Ainda falta conscientização sobre a importância do gesto de doar”, afirma.

Deborah lembra que grande parte da população se declara favorável à doação, mas no momento da abordagem das famílias, em uma situação de extrema fragilidade emocional, muitas não conseguem aderir por falta de convicção do desejo da pessoa falecida. “Não pode ser um assunto tabu. É fundamental que a gente converse com nossos familiares. Deixe claro que é um doador, para que numa eventualidade, a abordagem possa ter sucesso”, explica.

Pela atual legislação, nem mesmo um documento assinado e reconhecido pelo doador poderia ser usado pelos serviços de captação. Somente a declaração da família, após diagnóstico de morte encefálica, é capaz de desencadear o procedimento que permite devolver a vida para outras pessoas. “Os serviços de captação e as centrais de transplantes seguem uma legislação rigorosa. Para a constatação da morte cerebral, há um procedimento criterioso da equipe médica, que garante a segurança em relação à irreversibilidade do diagnóstico”, esclarece.

Um dos desafios é ampliar o sucesso na captação, durante a abordagem às famílias. Em Marília, por meio da atuação constante e qualificada do Spot, o trabalho tem tido sucesso, porém é preciso mais. De janeiro até agora 131 órgãos foram doados. Córneas e rim, que contam com centros de transplantes da cidade, foram os mais doados, com 92 e 18 órgãos, respectivamente. 

Para os especialistas, com mais informação, esses números poderiam ser maiores, o que reduziria o sofrimento de muita gente. No Brasil, a fila de espera tem mais de 30 mil pessoas. A maior fila é do rim. Somente no Estado de são Paulo, cerca de dez mil aguardam pelo órgão.

VIDA NOVA – O empresário mariliense Demétrio Antônio Chirnev ganhou vida nova após um transplante renal realizado na Santa Casa de Marília há sete meses. Ele conta que tinha uma vida normal, até que repentinamente, em um exame de rotina, descobriu o comprometimento do órgão. A partir daí, foram cinco anos de angústia e privações. Para viver, ele dependia das sessões de hemodiálise. 

“Foi uma fase muito complicada da minha vida. A gente tem medo de não ver o amanhã, acabar morrendo na fila. Por isso que falo: se a pessoa foi vítima de uma fatalidade na família e tiver a oportunidade de doar, com certeza vai ser muito abençoada, porque estará devolvendo a vida de outros”, afirma o empresário.

Interessados em mais informações sobre a programação da campanha permanente, solicitação de palestras com profissionais de saúde, contribuições e parcerias podem entrar em contato com a Santa Casa de Marília, pelo telefone (14) 3402-5555 (ramal da hotelaria), ou na Famema pelo 3402-1744(ramal do serviço de captação).